Monthly Archives: January 2014

As nossas criadas – tem a palavra a Leôa

De um Boletim do SCP de 1944. O Sporting nunca foi um clube elitista… nãããããooooo. Que ideia.

As nossas criadas – tem a palavra a Leôa

É sabido que quando duas senhoras se visitam ou se encontram na rua, há um assunto sobre que, quási sempre, as senhoras conversam largamente: as criadas.

E, quanto uma ou outra tem que se regozijar por ter tido a sorte de encontrar uma criada de boas qualidades, a maioria tem, quási sempre, que se lamentar. Assim é, de facto.

As nossas criadas são invariavelmente originárias da lavoura. Como podem essas mulheres, ignorantes, incultas, habituadas aos rudes misteres do campo, na sua maioria desconhecendo  as mais ligeiras noções de higiene e de asseio, ser investida do pé para a mão nos serviços de cosinha ou de fora?

De qualquer forma, a criada é um problema complexo para nós, donas de casa. E, porque o é, as minhas queridas «leôas» que me perdôem se eu tenho a ousadia de lhes dar um conselho: – O de serem para com as criadas da maior exigência na limpeza e higiene a que têm que se submeter individualmente e nos serviços que lhe competirem.

Dessas nossas exigências Deus sabe quantas vezes depende a saúde e até a vida dos que nos são queridos.

as-nossas-criadas-1944

A minha camisola verde-branca bipartida…

…não a conservo e tenho pena, disse Jorge Leitão em 1958. E continuou:

Quantos te envergaram, minha velha camisola! Quantas alegrias nos deste, quantos desgostos nos causaste!

Descobre-te, Mocidade, e curva a cabeça quando a vires passar, porque passa qualquer coisa que merece o teu respeito e o teu reconhecimento – são três gerações de abnegação, de sacrifícios, de perseverança e preocupações, visando somente o teu benefício.

Quando a envergares, lembra-te do que ela significa e da responsabilidade que pesa sobre ti.

Não é só defendendo-a de dentes cerrados e lágrimas nos olhos – como nós fazíamos – que cumpres o teu dever. Incumbe-te mais: honrá-la com o teu porte, o teu brio e a tua dignidade. Se o não souberes fazer, despe-a, porque não foi feita para ti.

camisola-verde-branca-bipartida

Nos anos 1920: Stromp?

O mito diz que a partir de 1908 usámos as camisolas Stromp, e que depois em 1926 vieram as listadas para o rugby, e depois em 1928 para o futebol. É mito. Isso de “Stromp” foi inventado nos anos 1990. E entre 1908 e 1928 usámos muitas vezes, no futebol e outras modalidades, camisolas que não eram bipartidas. Camisolas completamente verdes foram comuns, como aqui se mostra em 1926. SCP-1926 1 SCP-1926 2

Filiais e Delegações – 1936

Ainda ontem mostrei uma t-shirt do Sporting Clube Marinhense, que apesar de tee dois leões no emblema, não é filial do Sporting. Já várias vezes me contactaram a perguntar pelo clube tal ou tal, em geral “Sporting Clube de”, se não seria filial, e eu vou respondendo. Às vezes dizem “mas o emblema é como o do Sporting e vestiam as listas verde brancas lá em mil novecentos e antigamente”.

Recorro então por um lado ao que a Wiki Sporting diz sobre Filiais, Delegações e Núcleos, e por outro lado ao Boletim e Jornal do Sporting da altura. Por ex. aqui a lista de 1936, onde alguns clubes já tinham saído da lista! Mas há outras listas, umas mais antigas, outras mais “modernas”, e juntando tudo vai-se descobrindo.filiais-1936

O Sporting por dentro – em 1927

Descobri uma deliciosa reportagem que vem num Boletim do Sporting de 1927, sobre os trabalhos feitos dentro do Clube. Tem imensa coisa, como esta frase:

“Todos conhecem aqueles aparelhos automaticos, em que se mete um vintem por um lado, e sahe um chocolate por outro. Foi talvez daí, que um americano celebre, copiou a não menos celebre maquina em que metendo-se de um lado um porco, do outro lado sahe um chouriço.

Com o boletim do Sporting, sucede quasi coisa identica. De uma lado mete-se o Salazar Carreira, do outro sahe o boletim.”

Mas aqui mostro as partes que têm a ver com equipamentos. Primeiro, esta foto das botas dos jogadores a secar ao sol.botas-roupeiro-1927E depois, os equipamentos a serem lavados… o que eu não daria por ter esta pilha de roupa suja, meias e tudo!equipamentos-Sporting-1927E dando crédito, os autores do artigo foram Ruy da Cunha e Salazar Diniz!Sporting-por-dentro

As primeiras camisolas listadas

Já contei no verdebranco a história da verdadeira estreia das camisolas listadas no futebol, que foi em Novembro de 1927. O Sporting Canal também já mostrou que o nosso basquetebol também usou camisolas listadas em Novembro de 1927.

Como toda a gente sabe, as camisolas listadas verde brancas foram introduzidas no Sporting por Salazar Carreira em “finais de 1926″, como diz o site oficial. Mas e fotos dessas primeiras camisolas? Vamos mostrar aqui, retiradas do Boletim do Sporting de Dezembro de 1926, editado em 20 de Janeiro de 1927.

Como podem ver, as primeiras camisolas listadas não tinham emblema.Boletim Sporting 20 Janeiro 1927 aNesta foto, já se vê que algumas já tinham o emblema, que deve então ter sido colocado a posteriori. E vê-se também que há emblemas diferentes uns dos outros.Boletim Sporting 20 Janeiro 1927 bBoletim Sporting 20 Janeiro 1927 c

Lagartos

A história já foi em parte contada noutros sítios, mas para que não fiquem dúvidas vou meter aqui a origem primeira da palavra “lagartos” aplicada a sportinguistas, o que nunca vi em lado nenhum da net. Lembrem-se que viram primeiro no verdebranco.net!

A 29 de Janeiro de 1951, foi aprovado em Assembleia Geral do SCP um plano financeiro cujo objetivo era financiar a construção do Estádio José Alvalade. O plano incluía uma subscrição reembolsável, com mínimo de 10 escudos, que seria reembolsado nos anos seguintes à medida que fosse sendo possível.A primeira menção a "lagartos": 10 de Fevereiro de 1951, Jornal SportingJá no Jornal Sporting de 10 de Fevereiro se menciona que “alguém com notável espírito de humorismo apelidou os títulos de «LAGARTOS»”, e propõe-se que essa designação seja adotada “para mais fàcilmente a propaganda atingir os seus objectivos”.A segunda menção a "lagartos": 17 de Fevereiro de 1951, Jornal SportingNo Jornal Sporting seguinte a denominação fica adotada, e aparece a frase curiosa: “felicitamos todos os «lagartos» por preferirem os «LAGARTOS»”, o que quer dizer que o nome “lagarto” era já usado para denominar os sportinguistas.Lagartos a 24 de Fevereiro de 1951, Jornal Sporting

A palavra pegou, tornou-se popular, e assim ficou durante muitos e muitos anos. Acabou por se tornar insulto, mas a razão é clara: é que nós construímos o nosso estádio sem ajuda e favores, pela generosidade e grandiosidade dos sportinguistas – os «lagartos» de então – e clubes habituados a ganharem por influênciase compadrios escuros ficam com uma inveja desesperada tal, que transformam o nobre em ignóbil. É esse o “talento” de quem é ignóbil – suja tudo aquilo em que toca.um lagarto de 10 escudos

Dr. Albino Aroso

Há duas semanas morreu o Dr. Albino Aroso, um médico humilde e de mérito cujo trabalho foi grandemente responsável por reduzir a taxa de mortalidade infantil em Portugal. Muitos de nós não estaríamos aqui sem ele. Foi o o único médico português incluído num livro da Associação Médica Mundial sobre os 65 profissionais de saúde “mais dedicados” do mundo. Não teve direito a notícia nem luto, e não parece que vá para o Panteão.

Aqui fica a história deste português, exemplo para todos nós.

http://visao.sapo.pt/albino-aroso-retalhos-da-vida-de-um-medico=f762995